7.8.07



Imobilidade


Passemos do lumiar ao apagado,
Dos tentados deuses aos endiabrados,
Do reino farto aos servos esfomeados
E dos amantes aos despedaçados.
Estejamos de feridos pés calçados,
De gélidos corpos amordaçados,
De lindos cabelos embaraçados
E de total amor sim, liquidados.
Creiamos que somos magoados,
Que nas leves mãos perdemos o achado
E que no céu voamos despenados;

Pensemos como fomos maltratados,
Como hoje somos passados
E cremos:sem amar sofremos calados.

5.8.07



Vôo postal


Vejo nuvens de cartões postais,
De fremosas e imensas transparências,
De elisões poéticas imortais;

E germinam cantigas da ciência,
Esboçando invenções geniais
Que trazem o avanço da inteligência.

Bairros e ruas em tão belas fotos,
Muito aparentes aos magistrais cartões,
Pois lá no céu de vôos tortos
Voam admiráveis e velozes falcões

E hesitam os astutos cientistas
Que faço para assim também voar?
Voar sem avião e sem pistas?
Declamo:Este vôo é o vôo de amar.

Amor de fogo

Meu momento de grande alegria
Foi partilhar esta branda chama
De amor puro que fiz tal poesia,
Que imensa espalhou-se como ramas

Jamais mortas pelo cálido dia
Infernal!Em todo amor criei formas
De extensão, brotei da sentimental alma
Um doce regozijo ao beijo da boemia.

Ah, que amanhecer!Que doce beijar
Em que aos carinhos braçais adormeci
E aqueles olhos serenos não esqueci;

Posso afirmar, um paraíso conheci
E como de nós veio um fogo brotar,
Era o fogo do amor,a chama de amar.